Entenda a história que rodeia o Templo de Salomão

Desde a antiguidade encontramos a presença do templo, as cidades urbanas aparecem na Mesopotâmia com a construção inicial do templo, que era a casa do Deus, na Mesopotâmia o povo não tinha acesso ao templo, somente viam as imagens nas procissões. Depois das edificações do templo começavam as construções dos palácios. Semelhantemente aconteceu com os israelitas, o rei Salomão que construiu o primeiro templo de Jerusalém[1], o edificou antes de construir seu palácio.
O templo de Salomão era parcialmente restrito aos sacerdotes, os judeus tinham liberdade para circular, exceto no espaço sacerdotal, já os não judeus, em qualquer parte que eles adentrassem a punição era a morte. E ao contrário dos templos do mundo antigo, não havia nenhuma imagem para representar o Deus dos hebreus que era invisível, o edifício do templo era dividido em Santo e Santo dos Santos, onde somente o sumo sacerdote poderia entrar e nele estava a arca da aliança onde eram guardadas as tábuas da lei, entregue a Moisés.

Neste edifício eram guardadas também as vestes cerimoniais, os instrumentos musicais, os utensílios usados para o sacrifício e os tesouros do templo. Havia ainda engradados para alojar os animais destinados ao sacrifício, um depósito de lenha, uma padaria para o preparo do pão sagrado e um banheiro para purificação sacerdotal.

Segundo Ausubel: “O templo era construído em pedra lavrada, as paredes e os tetos de seu interior eram forrados de cedro e incrustados de ouro. O chão e as portas dobráveis eram feitas de abeto, os portais eram de madeira de oliveira. Todo o interior era ornamentado com figuras entalhadas que representavam querubins, palmeiras, flores e botões, tudo também recoberto de ouro” (1989, p. 883)

A decoração do templo de Salomão estava a cargo de arquitetos, ourives e escultores enviados de Tiro, Fenícia, pelo rei Hirão aliado de Salomão. Por ser o primeiro templo a ser construído na Jerusalém antiga, ele não possuía um estilo próprio, todas as suas dependências, assim como seus objetos foram fortemente influenciadas por outros povos.

O culto no templo era ao som de música instrumental e coral, original em sua concepção pela ausência de adoração a imagens e uma total repulsa a prostituição cultual presentes na religiosidade de muitas civilizações antigas. A liturgia e toda beleza encontrada no templo remetia ao jardim do Éden, ao paraíso, um mergulho espiritual na busca do sagrado, do divino.

O templo era o local propício para o rito sacrificial, no período de Salomão aproximadamente em 955 a.C., as narrativas bíblicas atestam no livro dos reis por ocasião da festa dos Tabernáculos, que o rei, os sacerdotes e o povo participaram de um enorme banquete com o sacrifício de “vinte e dois mil bois, e cento e vinte mil ovelhas”. (Reis I 8: 63, 1998, p. 483)

Altar dos quatro chifres, utilizado para queima de incenso ou de pássaros, semelhante ao altar no pátio do Templo

Mas o período da construção do templo trouxe a Salomão muitas inimizades. Com a instituição e centralização do sacerdócio no templo, alguns sentiam rebaixadas as cerimônias realizadas nos antigos altares. Outro motivo de descontentamento foi o aumento na tributação e principalmente a necessidade de um grande contingente de trabalhadores[2], muitos deles retirados dos campos, o que prejudicava a produção agrícola.

Os recursos diminuíram consideravelmente, Salomão teve que entregar vinte cidades[3] em pagamento ao rei de Tiro, o povo passou por momentos de abnegação. Mas ao final da construção a cidade de Jerusalém passou a receber uma grande quantidade de peregrinos que vinham de todas as partes, visitar e conhecer o templo. Além da sede espiritual, tinham também necessidades físicas e materiais[4], com isso traziam riquezas à Jerusalém.

O templo unificou a religiosidade israelita, trouxe ao povo a realidade de uma nação tecida pelo sagrado, uma busca incessante na antiguidade. “O Templo e a entronização de Javé permitiram, pois, que Salomão reivindicasse Jerusalém como herança eterna da Casa de Davi. A construção do Templo foi um ato de conquista, um meio de ocupar a Terra Prometida com respaldo divino” (ARMSTRONG, 2000, p. 79).



Perspectiva do Primeiro Templo de Jerusalém

[1] Segundo Flávio Josefo, historiador contemporâneo ao Segundo Templo, Salomão começou a construir o templo no quarto ano de seu reinado, levando apenas sete anos para sua conclusão (2007, p. 386). Que permaneceu de pé por 410 anos até a destruição pelos babilônios em 586 a.C.

[2] Cento e cinquenta mil homens trabalharam na construção do templo, foram utilizadas também de mão de obra forçada.

[3] A professora da Universidade de Londres Karen Armstrong acredita que essas cidades eram da região da Galiléia ocidental.

[4] Os estrangeiros necessitavam de alimentação, hospedagem.

Referências Bibliográficas:

ARMSTRONG, Karen. Jerusalém Uma Cidade, Três Religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

BÍBLIA de Jerusalém. São Paulo: Paulus,1998.

BORGER, Hans. Uma História do Povo Judeu. São Paulo: Sêfer, 1999.

GUNNEWEG, Antonius H.J. História de Israel. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

JOHNSON, Paul. História dos Judeus. Rio de Janeiro: Imago, 1995.

JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

KESSLER, Rainer. História Social Do Antigo Israel. São Paulo: Paulinas, 2009.

SANTOS, António Ramos. A Babilónia dos Caldeus – Uma caracterização socioeconômica. Lisboa: Edições Colibri, 2003.

Centro de Pesquisas da Antiguidade – CCJ

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